Como identificar bezerros

A individual dos bovinos é um passo importante para qualquer sistema de registro de informações. O ideal é que a identificação seja realizada o quanto antes, preferencialmente nos primeiros dias de vida do ou logo após a chegada de um animal na propriedade.

Manter registros sobre as condições de criação e sobre o desempenho dos rebanhos é uma importante ferramenta de manejo e pode ser usada para aumentar a eficiência na atividade pecuária. O monitoramento de informações sobre ganho de peso, reprodução e mortalidade, bem como sobre o uso de produtos (vacinas, medicamentos, alimentos, etc.) e sobre as condições das instalações e dos equipamentos permite aos produtores avaliar o desempenho de seus rebanhos, controlar os procedimentos de manejo e identificar os pontos críticos que precisam ser controlados. Dessa forma, fica mais fácil identificar e resolver os problemas que ocorrem no dia-a-dia de trabalho em uma fazenda de bovinos de corte.

Preparação para identificação do bezerro

A identificação é, geralmente, composta por um código, definido pela combinação de letras, números ou de ambos, que é dado a um determinado animal. Este código deve garantir uma identificação única e positiva para cada indivíduo, tornando possível diferenciá-lo dos outros animais do rebanho.

O rebanho em questão pode ser aquele que represente os animais de uma propriedade, ou a população de bovinos de uma determinada região ou até mesmo de um país, como por exemplo, o rebanho brasileiro.

O procedimento para identificação de bovinos, apesar de simples, requer que a equipe responsável pelo manejo esteja bem treinada, que o trabalho seja realizado em instalações adequadas, usando equipamentos e materiais de boa qualidade, que estejam em boas condições de uso e que o trabalho seja realizado com atenção e organização.

Uma identificação única significa que não haverá outro animal com o mesmo código de identificação dentro do grupo considerado. Em outras palavras, não há códigos repetidos. Uma situação clara de identificação não-positiva é quando o número de identificação de um animal não é lido ou registrado corretamente, como, por exemplo, quando é registrado um número 2305, e o correto seria 2306.

Importante: o manejo de identificação deve ser feito com segurança e tranquilidade, sem causar estresse e nem sofrimento desnecessário aos animais.

Por só poder marcar com após o primeiro ano de vida do animal.

Métodos de identificação

Os métodos de identificação mais comuns para bovinos são: , brinco (visual ou eletrônico) e a fogo. Existem outros métodos menos utilizados como, por exemplo: o bolus intra-ruminal, marcação a frio, cortes nas orelhas, colares de identificação e marcas nos chifres. Neste manual serão apresentados os métodos de tatuagem, brincos e marcação a fogo.

É importante reconhecer que todos estes métodos têm limitações em seu uso e que a eficiência de cada um é diretamente relacionada à forma pela qual são aplicados na identificação de animais. Quanto melhor realizado o processo de identificação, menores serão os riscos de perda e de duplicidade na identificação

A tatuagem

A tatuagem é um método de identificação permanente e de fácil realização. Sua principal limitação é a dificuldade para visualização do código, sendo necessária a contenção dos animais para que a leitura seja feita com a precisão e a segurança necessárias para um bom trabalho.

Em geral, este tipo de identificação é aplicado nos primeiros dias de vida do bezerro, combinando-a, posteriormente, com outro método, mais fácil de visualizar, em geral com os brincos ou com a marcação a fogo.

No momento de tatuar, o bezerro deve ser contido firmemente, de forma que sua cabeça fique o mais imobilizada possível, diminuindo a possibilidade de danos à marcação, no caso de o animal se debater.

Equipamentos e materiais para a tatuagem

Existem basicamente dois tipos de equipamentos para realizar a tatuagem, que são muito parecidos com alicates. O alicate de tatuagem mais comum tem uma almofada de borracha em um dos lados e uma estrutura na forma de trilho no outro, onde são fixados os números, as letras ou os símbolos removíveis, gerando o código de identificação. Estes identificadores (números, letras e símbolos) são formados pela combinação de agulhas metálicas. Uma das extremidades das agulhas fica presa em um pequeno bloco de metal e a outra, mais fina, fica livre para furar a orelha do animal.

No outro tipo de alicate de tatuagem, o trilho é substituído por uma estrutura rotativa. Nesse caso os identificadores ficam presos, girando de forma independente para compor o código de identificação desejado. Neste tipo de alicate, o risco de perda dos dígitos de identificação é menor, mas é mais difícil substituí-los quando danificados.

Em ambos os casos, o código de identificação deve ser trocado a cada animal tatuado. Essa troca deve ser feita com muita atenção, sendo recomendado sempre usar uma folha de papel para checar se o código está correto, antes de furar a orelha do animal. Não improvise, use apenas as tintas próprias para tatuagem e de boa qualidade. Para animais com a pele clara use tinta (ou pasta de tatuagem) de cor preta e no caso de animais de pele escura, use tinta de cor verde.

Planejando e organizando a tatuagem

Mantenha os equipamentos de tatuagem limpos e bem guardados. Se possível, guarde-os em um estojo com tampa, colocando os códigos (números e letras) sempre em ordem crescente. Fazendo assim será mais fácil preparar o alicate para fazer a tatuagem.

Antes de iniciar o manejo, verifique se os equipamentos e os materiais estão em boas condições de uso. Certifique-se de que o conjunto de identificadores está completo. O alicate de tatuagem deve estar limpo, alinhado e lubrificado.

Os códigos devem estar limpos, sem ferrugem, sem outros resíduos e sem agulhas quebradas ou tortas. A tinta (ou a pasta de tatuagem) deve estar em boas condições para fazer as tatuagens e ser suficiente para realizar o trabalho planejado.

O tamanho dos identificadores deve ser compatível com o tamanho da orelha dos animais. Use identificadores pequenos para tatuar os bezerros, com isto os pontos da tatuagem não ficarão muito espaçados entre si quando o animal se tornar adulto.

Aplicação da tatuagem

Para conseguir uma tatuagem legível e duradoura, realize os procedimentos com atenção e cuidado. A facilidade para leitura depende da forma com que a tatuagem é realizada. Prepare o alicate de tatuagem, com o código de identificação que o animal irá receber. Este procedimento exige certa experiência, especialmente no caso dos alicates mais comuns, com os números ou letras soltas, pois há o risco de colocar os identificadores de ponta cabeça ou na sequência errada.

Atenção! Antes de tatuar a orelha do animal faça um teste em um pedaço de papel, certificando-se de que o código de identificação está correto.

No caso da aplicação de tatuagem em bezerros recém-nascidos, pode-se fazer a contenção manual, realizando o trabalho no próprio pasto onde o animal se encontra. Para os animais mais velhos, recomenda-se conduzi-los ao curral e realizar a tatuagem com os animais bem contidos, no tronco de contenção. Em ambos os casos serão necessárias duas pessoas, para a contenção do animal e aplicação da tatuagem.

A tatuagem precisar estar bem posicionada na orelha. Não aplique-a em áreas com muitos pelos (bordas das orelhas) e muito irrigada (com veias mais grossas). Em ambos os casos, o risco de tatuagens com baixa qualidade é grande.

Marcação a fogo

A marcação a fogo é o método mais comum para a identificação de bovinos, sendo usado para identificar a raça, o proprietário do animal, o indivíduo e também a realização de certas práticas de manejo, como no caso da vacinação de brucelose, por exemplo.

Do ponto de vista do bem-estar animal, a marcação a fogo é desaconselhada, principalmente quando realizada em partes mais sensíveis do corpo do animal, como na cara, por exemplo. Todavia, seu uso é ainda muito frequente e muitas vezes obrigatório, como no caso de controle da brucelose, justificando assim a inclusão desta metodologia neste manual.

Quando bem feita, a marca a fogo é permanente e de fácil visualização. Entretanto, é um método que traz risco para os animais, podendo, quando mal feito, causar lesões graves por queimadura, resultando em dor e sofrimento intensos.

Isto pode ser facilmente percebido em manejos posteriores, quando os animais são conduzidos novamente para o local onde foram marcados (geralmente o curral), quando ocorre uma maior frequência de animais que empacam ou refugam. Além disso, sempre há o risco de ferimentos graves por queimadura tanto para os animais quanto para as pessoas envolvidas com o manejo.

Planejamento da marcação a fogo

Antes de realizar a marcação a fogo, esteja certo de que a pessoa responsável tenha experiência, que está bem treinada em boas práticas de manejo e em condições para executar o trabalho. Os maiores riscos com este tipo de identificação ocorrem quando realizada por pessoas inexperientes, trêmulas, cansadas ou que não se importam com os animais.

É importante trabalhar com equipamentos (grelhas e ferros de marcar) de boa qualidade e em boas condições de uso. Assegurese que a grelha (também conhecida por fogareiro ou queimador) e os produtos combustíveis (madeira, carvão ou gás) a serem usados para o aquecimento dos ferros sejam adequados e em quantidade suficiente para realizar o trabalho.

Existem diversos modelos de grelhas para aquecer os ferros. Dê preferência para os modelos que possibilitem ordenar os ferros em ordem crescente, fazendo com que o trabalho fique mais fácil e diminua os riscos de erros. Recomendase que os ferros de marcar tenham 8 cm de diâmetro, não ultrapassando 11 cm. Devem possuir cantos arredondados e ter o seu desenho segmentado, com cortes na marca, principalmente nas curvas e cantos.

Antes de iniciar o trabalho verifique se o jogo de ferros de marcar está completo, com todos os números ou letras necessários para a identificação, e se não há ferros quebrados ou desgastados pelo uso. Ferros desgastados ficam mais finos e ao serem usados podem cortar a pele dos animais, ferindo-os gravemente.

Realizando a marcação a fogo

A marcação a fogo deve ser realizada em locais de fácil visualização, de menor impacto para o animal (áreas de menor sensibilidade à dor) e que minimizem os danos ao couro, sendo seu posicionamento no corpo do animal definido por lei, pelas associações de criadores ou pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

As marcas de registro genealógico e de vacinação de brucelose são geralmente aplicadas na cara dos animais, apesar de ser a área de maior concentração de terminações nervosas, resultando em maior sensação de dor.

Sempre que possível evite fazer marcação a fogo na cara do animal; porém, quando for necessário este tipo de marcação, proteja o olho do animal no momento de marcar. Preferencialmente, use luvas de couro e tampe o olho do animal.

Lembre-se! A marcação a fogo é uma agressão à pele do animal, portanto deve ser realizada com muito cuidado e atenção para evitar sofrimento desnecessário e para garantir que a identificação ficará bem feita.

Não realize a marcação a fogo em dias de chuva, nem em animais com os pelos molhados ou sujos de lama ou excrementos. Quando o ferro quente é aplicado sobre o pelo úmido ou sujo ele perde calor rapidamente, o que dificulta a marcação, deixando a marca borrada ou sendo necessário repetir a aplicação do ferro quente sobre o corpo do animal.

Atenção especial deve ser dada às fêmeas, pois quando estressadas elas urinam mais e com isto molham as caudas, que, ao serem agitadas, molham também as pernas traseiras, geralmente no local onde a marcação a fogo será feita.

Pelo mesmo motivo é recomendado que a acomodação dos animais no curral se dê com lotes pequenos, evitando que fiquem muito encostados uns nos outros, se molhando com urina ou se sujando com fezes.

Posicione a grelha em local próximo ao tronco de contenção (ou do local onde será realizada a marcação), esteja seguro de não haver riscos de que pessoas ou animais tropecem ou trombem com a grelha durante sua movimentação para realizar o trabalho ou na tentativa de fugir.

Acenda o fogo para esquentar as marcas. Para saber a temperatura ideal para realizar a marcação, observe a cor da marca que está no fogo. Enquanto o ferro estiver preto, é sinal que ainda está frio, nessa condição o ferro pode estar quente o suficiente para queimar os pelos, mas não para deformar a sua raiz, o que é essencial para uma marca duradoura. O ferro deve estar em brasa, vermelho, que é o sinal que está quente o suficiente para produzir uma boa marca, sem necessidade de ser aplicado novamente.

Para fazer uma boa marca a ferro, é muito importante que o animal esteja bem imobilizado. Isto deve ser feito preferencialmente no tronco de contenção. Na ausência deste, contenha o animal, deitando-o e amarrando-o.

Para um trabalho mais seguro, após conter o animal no tronco, com a utilização da pescoceira e vazieira (ou parede móvel, dependendo do tipo de tronco de contenção utilizado), dobre a base da cauda do animal para cima e para frente, formando um arco. Fazendo isto você terá uma imobilização mais efetiva do animal. Isto ocorre porque, ao dobrar a cauda, exercemos uma certa pressão sobre um feixe de nervos que controla os movimentos dos membros posteriores, reduzindo sua movimentação. Cuidado, não faça força excessiva e nem torça a cauda do animal, pois isto causa dor e, em casos extremos, pode levar a uma fratura.

Com o animal bem contido, pegue o ferro quente com o número desejado, posicione a marca de maneira firme no local correto e pressione, sem muita força, contra o corpo do animal. Procure distribuir a pressão por igual, evitando que uma extremidade do ferro fique mais pressionada que as outras no corpo do animal.

No caso do animal estar muito agitado, espere um pouco para que ele se acalme antes de posicionar a marca. Os movimentos para aplicação da marcação a fogo devem ser firmes e consistentes. Não faça movimentos bruscos com o braço durante a marcação, pois pode ferir o animal e borrar a marca.

Manter o ferro sobre a pele por muito tempo causa dor desnecessária e queimadura excessiva. Além disso, vai causar um ferimento no local da marca, que demora mais tempo para cicatrizar.

Quando o ferro for retirado, a marca no corpo do animal deve apresentar coloração marrom e não deve ter feridas abertas (com sangramento).

Referências

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/arquivos-publicacoes-bem-estar-animal/identificacao.pdf

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